Moradores de Guaraciaba investem em bares em BH


https://www.em.com.br/app/noticia/economia/2011/12/24/internas_economia,269053/moradores-de-guaraciaba-investem-em-bares-em-belo-horizonte.shtml

postado em 24/12/2011 06:00 / atualizado em 24/12/2011 06:58

Família, família, negócios à parte. Certo? Errado! A filosofia contradiz as regras adotadas por cerca de 60 empresários de Guaraciaba, próxima a Ponte Nova, na Zona da Mata mineira. Os primeiros chegaram a Belo Horizonte no início da década de 90, começaram a trabalhar e a investir na área da gastronomia e hoje empregam na capital mais de 150 pessoas do município, que tem cerca de 11 mil habitantes. Se tiver interesse em trabalhar com algum deles, vai ser bem recebido. Mas há um diferencial no currículo que faz o candidato largar na frente: ser natural de Guaraciaba.

Irmãos, esposas, sobrinhas, cunhados e amigos são maioria no quadro de funcionários desses empresários, que têm negócios em bairros diversos da capital, como Santo Antônio, Santa Efigênia, Santo Agostinho, Barroca e Santa Mônica. A maior parte dos bares se concentra no Santo Antônio. Além do sucesso nos negócios, os proprietários têm em comum a comida caseira e os petiscos bem temperados, a longa jornada de trabalho e o atendimento diferenciado ao público. “Temos a simplicidade da pessoa do interior. Tratamos todo mundo da mesma maneira, sem nenhum tipo de discriminação”, afirma Airton João de Carvalho, proprietário do Papo Legal, que chegou de Guaraciaba há 18 anos.

À época, ele veio para estudar e trabalhar no bar do irmão, Amaury Carvalho, de 39 anos, que foi quem puxou a fila. Amaury chegou há 22 anos na capital. Era garçom e poucos anos depois montou o próprio bar. Hoje, é dono do Spetto Contorno e Delícias de Minas, no Santo Antônio. Do total de 12 funcionários dos dois bares, oito são de Guaraciaba. “No início, empregava só irmãos. Depois os primos e amigos passaram a trabalhar comigo também. Prefiro assim, pois eles me ajudam e eu os ajudo como posso”, afirma o empresário. O bar vende mensalmente 1,2 mil espetinhos e 600 quilos de carne.

Amaury e Airton são de família grande. Ao todo, são nove irmãos, sendo que seis trabalham ou são donos de bares em Belo Horizonte. “Se o meu bar está cheio, indico o de algum parente da redondeza”, diz Odilei Arlindo da Cruz, primo de Amaury e Airton e dono do Tudo Legal, também no Santo Antônio. Odilei veio há 13 anos para a capital para trabalhar com um primo. Há cinco anos montou o próprio estabelecimento. Dos 12 funcionários que tem, 10 são parentes, como esposa, tio, pai, primos e irmãos. “É uma oportunidade para quem vem do interior. Todo mundo precisa da primeira chance”, observa Odilei. 

O Tudo Legal abre diariamente, das 7h às 23h. Um dos sucessos do bar é o feijão tropeiro. São cerca de 100 unidades vendidas por dia, a R$ 8 cada. “Um dos nossos segredos é saber receber bem as pessoas. O espaço é pequeno, mas nesta semana já teve até festa de confraternização de fim de ano aqui com 49 pessoas”, conta Odilei. 

Futebol para divertir
E se o ambiente familiar domina os negócios, na hora de lazer o clima não é diferente. Aos domingos, a família e amigos de Guaraciaba costumam se reunir e treinar pelo Penharol, o time de futebol amador da cidade. O time ganhou o nome pelo fato de muitos jogadores serem da Penha, comunidade rural de Guaraciaba. Atualmente conta com 22 jogadores.

Cerveja gelada e bom atendimento garantem o sucesso do Ponto de Encontro, no Santo Antônio. O bar, de Aldair José de Carvalho, irmão de Amaury e Airton, emprega nove funcionários, sendo seis de Guaraciaba. “Dou preferência para as pessoas de lá, pois quase não há emprego. As duas fontes de trabalho na cidade são a fábrica de cachaça e a prefeitura”, diz Aldair Carvalho, dono do Ponto de Encontro. Ele veio trabalhar com um dos irmãos e depois montou o bar, onde trabalha a mulher e alguns primos. “Há mais confiança com as pessoas da família, um ajuda o outro”, diz. 

O negócio em família traz vantagens não só para os donos dos bares como para os funcionários. Josimar de Carvalho da Cruz está em Belo Horizonte há 10 anos. Ele trabalha como garçom no bar do tio, Amaury Carvalho. “É bom trabalhar em família. Ele libera quando precisamos, mas também fazemos um pouco mais por eles”, diz.

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